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“As mulheres não vão desistir, nem aqui nem em nenhum lado”, um cântico numa manifestação de mulheres em Oaxaca, 7 de Novembro de 2006.
As pessoas do estado de Oaxaca estão sob ataque do governo mexicano: nas ruas estão 10,000 polícias, 3,500 polícias anti-motim com bastões, e a apoiá-los há 3,000 polícias militares munidos com armas automáticas. 5,000 militares estão à espera fora da cidade, enquanto um número desconhecido de paramilitares apoiados pelo Partido Revolucionário Institucional (PRI) andam ainda a disparar.
Tudo começou a 14 de Maio de 2006, quando 70 mil professores de Oaxaca entraram em greve com um grande apoio popular da cidade. A greve não terminou. Em vez disso o governador de Oaxaca, Ulises Ruiz Ortiz, mandou a Polícia Federal Preventiva (PFP) acabar com os protestos. Tiveram que lidar com uma resistência feroz por parte dos professores bem como dos cidadãos de Oaxaca. Esta situação levou a uma intensificação da violência e da repressão governamentais, o que não intimidou a população civil: homens, mulheres e crianças vieram para as ruas, em defesa da sua terra, da sua dignidade, e de um futuro democrático; eles montaram barricadas e enfrentaram a PFP com paus, pedras e camiões. As mulheres fizeram e distribuíram máscaras contra os ataques de gás lacrimogéneo, feitas a partir de pensos higiénicos.
O número aproximado de detidos, até agora, é de 85. Cerca de 34 pessoas desapareceram e 15 foram mortas por forças policiais ou paramilitares. De facto, todos os dias há numerosos actos de agressão a membros da APPO, das suas famílias e apoiantes. As mulheres são especialmente atingidas, como se viu nos ataques em Atenco, em Maio de 2006, onde as mulheres foram procuradas e violadas pela PFP. Muitas mulheres de Oaxaca estão actualmente detidas, por causa dos seus actos de resistência. Numa carta de oito prisioneiras políticas detidas em Chiconautla
e Santiaguito, elas dizem que, “Eles ensinaram-nos a unir todas as lutas.”
A 7 de Novembro de 2006, 5,000 mulheres vieram para as ruas pedindo a demissão do governador de Oaxaca, Ulises Ruiz Ortiz, a libertação de todos os prisioneiros políticos, e o retorno dos desaparecidos. As mulheres confrontaram a polícia gritando “Assassinos!” e a polícia respondeu disparando canhões de água contra elas.
Tal como as mulheres de Oaxaca resistem heroicamente aos massacres do governo mexicano contra o seu povo e o tomada da sua terra, noutro ponto do mundo, também as mulheres palestinianas resistem: a 3 de Novembro de 2006, as forças de ocupação israelitas, cercaram cerca de 70 combatentes da resistência palestiniana numa mesquita em Beit Hanoun, Palestina. Em resposta, aproximadamente 1500 mulheres palestinianas desarmadas, desafiaram o recolher obrigatório e caminharam da povoação próxima de Beit Lahiya até à mesquita em Beit Hanoun. Romperam um cordão israelita de tropas e tanques, gritando aos militares israelitas para abandonarem Gaza. Elas rodearam a mesquita e algumas mulheres entraram e levaram roupas para disfarçar os homens da resistência. As forças de ocupação israelitas disparam contra o grupo, matando duas mulheres palestinianas. Uma morreu no local, outra morreu depois no hospital. 17 mulheres ficaram feridas, quando as tropas de Israel dispararam contra a multidão de mulheres desarmadas. Esta acção das mulheres palestinianas conseguiu a libertação de 70 combatentes da resistência palestiniana.
A contagem de mortos em Beit Hanoun, durante a semana deste cerco, ultrapassou as 90 pessoas, e mais de 300 palestinianos foram feridos.
“A lição que o mundo tem de aprender com a semana passada em Beit Hanoun é que nós palestinianos nunca iremos abandonar as nossas terras, cidades e vilas. Não vamos abdicar dos nossos direitos por um pedaço de pão ou por uma mão cheia de arroz. As mulheres da Palestina irão resistir a esta monstruosa ocupação que nos é imposta com armas apontadas, cercos e fome. Os nossos direitos e os das nossas gerações futuras não são negociáveis. Quem quiser a paz na Palestina e na região, tem de dirigir as suas palavras e sanções ao ocupante, não ao ocupado, ao agressor, não à vítima. A verdade é que a solução está em Israel, no seu exército e nos seus aliados – não nas mulheres e crianças palestinianas.” – Jameela Al Shanti é membro eleito do Conselho Legislativo Palestiniano do Hamas e ajudou a organizar e liderar um protesto de mulheres contra o cerco de Israel em Beit Hanoun, a 3 de Novembro de 2006.
Para mais informação ver:
Texto publicado em http://www.fileden.com/files/2006/7/6/111531/OaxacaPalestineflyer2.pdf . Traduzido por Alexandre Leite.
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